Dr. Marco Antonio Iazzetti | Infectologista Pediátrico

O uso correto do paracetamol em crianças: o que os pais precisam saber

Paracetamol - infectologista pediatrico

O paracetamol é um dos medicamentos mais utilizados no mundo para aliviar dor e reduzir febre em crianças e adultos. Justamente por ser tão comum, muitas vezes ele é administrado sem a devida orientação, o que pode trazer riscos. Por isso, é importante entender como usar o paracetamol de forma correta e segura.

Para que serve o paracetamol?

O paracetamol é indicado para o alívio de dores leves a moderadas (como dor de cabeça, dor de garganta, dor muscular) e para o controle da febre. Diferente de outros medicamentos, ele não irrita o estômago e pode ser usado em qualquer idade, inclusive em bebês, desde que respeitada a dose adequada.

A importância da dose correta

O principal cuidado com o paracetamol é a quantidade administrada.

  • A dose é calculada de acordo com o peso da criança, e não apenas pela idade.
  • De forma geral, a dose recomendada fica entre 10 a 15 mg por quilo de peso, podendo ser repetida a cada 4 a 6 horas.
  • O máximo permitido em 24 horas é de 60 mg por quilo de peso.

Por exemplo: uma criança de 10 kg pode receber entre 100 mg e 150 mg por dose, nunca ultrapassando 600 mg em um único dia.

Riscos do uso incorreto

O excesso de paracetamol pode causar lesões graves no fígado, muitas vezes silenciosas no início. Os sinais de intoxicação podem aparecer horas depois, incluindo vômitos, sonolência excessiva e, em casos graves, risco de insuficiência hepática.

Outro erro comum é usar mais de um medicamento que contém paracetamol na composição. Muitos xaropes para gripe, resfriado e até analgésicos combinados já trazem paracetamol na fórmula, o que pode levar ao risco de superdosagem sem que os pais percebam.

Como evitar problemas

  • Sempre verificar o rótulo e a concentração do medicamento (existem diferentes apresentações em gotas, solução oral, comprimidos e supositórios).
  • Usar seringas dosadoras ou copinhos originais para evitar erros de medida.
  • Não repetir a dose antes do tempo recomendado.
  • Nunca associar dois remédios com paracetamol sem orientação médica.
  • Procurar atendimento médico se a febre persistir por mais de 48 horas ou se houver sinais de alerta (como sonolência intensa, dificuldade para respirar, manchas na pele ou recusa alimentar).

Paracetamol e autismo: desfazendo um mito

Nos últimos anos, circulam nas redes sociais e em grupos de pais mensagens levantando dúvidas sobre uma possível relação entre o uso do paracetamol e o autismo. Essas informações, muitas vezes sem base científica, geram medo e insegurança em famílias que precisam usar o medicamento em situações comuns de febre e dor. É fundamental esclarecer: não existe nenhuma evidência científica confiável que associe o paracetamol ao autismo.

De onde surgiu essa ideia?

O mito começou a ganhar espaço após estudos antigos e observacionais que levantaram hipóteses sem comprovação. No entanto, pesquisas bem conduzidas, com grande número de crianças acompanhadas ao longo dos anos, não encontraram relação entre o uso de paracetamol e o risco de desenvolver transtorno do espectro autista (TEA).

A ciência é clara: correlação não significa causa. O simples fato de um medicamento ser amplamente utilizado não significa que ele seja responsável por condições que surgem no mesmo período da vida.

O que sabemos de verdade sobre o autismo?

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento de origem multifatorial, no qual estão envolvidos aspectos genéticos e ambientais complexos. Até hoje, nenhum medicamento, vacina ou alimento foi comprovado como causa de autismo.

E quanto ao paracetamol?

O paracetamol é um dos medicamentos mais estudados no mundo. Quando usado de forma correta, na dose adequada, é considerado seguro e eficaz para controle de febre e dor em crianças e adultos. O risco verdadeiro está no uso incorreto ou em doses excessivas, que pode causar lesão no fígado — e isso sim está bem estabelecido pela ciência.

Por que é importante desmentir esse mito?

Quando informações falsas se espalham, muitos pais deixam de oferecer um tratamento seguro e eficaz às crianças, expondo-as a desconforto desnecessário ou até recorrendo a alternativas sem comprovação.

A confiança deve estar sempre baseada em fontes seguras: sociedades médicas, pediatras e estudos científicos de qualidade.

Conclusão

Não existe relação entre o uso de paracetamol e o autismo. Esse é um mito sem base científica. O que realmente protege as crianças é o uso responsável de medicamentos, sempre com orientação médica.

Dr. Marco Antonio Iazzetti
Infectologista pediátrico | Pediatra | Acupunturista
CRM/SP: 79060 – RQE: 46101 – RQE: 72245

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